Imagem: Susan White/USFWS Headquarters - Flickr CC0
A preocupação a respeito dos impactos ambientais causados pela atividade humana vem crescendo nos últimos anos. Dessa forma, surgem medidas que visam mudar hábitos ou diminuir os impactos ambientais causados por humanos, principalmente na questão do lixo urbano. Muitas são as soluções já existentes para diminuir o volume de lixo gerado nas grandes cidade, como reciclagem, compostagem, incineração, reutilização de embalagens (refil, retornável, entre outras) e uso dos polêmicos produtos biodegradáveis - termo que vem sendo muito utilizado em diversos itens, pois agrega um valor “ecologicamente correto” e atrai mais consumidores.
A biodegradação é definida como o processo de transformação química promovida pela ação de micro-organismos sob condições adequadas de temperatura, umidade, luz, oxigênio e nutrientes. A biodegradação pode ser aeróbica ou anaeróbica. Nesse processo, o material original é alterado e, em geral, transformado em moléculas menores - em alguns casos, em água, CO2 e biomassa. Um parâmetro muito importante que define se um material é ou não biodegradável é o tempo que ele leva para ser decomposto por ação de micro-organismos. Normalmente, considera-se que um material é biodegradável quando este se decompõem em uma escala de tempo de semanas ou meses. Para que a degradação de um material biodegradável seja efetiva, o material deve ser levado, junto com o lixo orgânico, a uma unidade de compostagem, pois, nesse ambiente, o material encontrará condições ótimas para se decompor.
Um material pode até ser decomposto por ação microbiana, porém o tempo para que isso ocorra é muito grande, dessa forma, esse material não é classificado como biodegradável. Por exemplo: alguns tipos de plásticos (PVC, polietileno e polipropileno), que podem ser decompostos por ação microbiana, mas levam de dez a 20 anos para desaparecerem - dependendo da espessura, esse tempo pode ser ainda maior -, assim, não são classificados como biodegradáveis.
Para ser considerado biodegradável, um material ou produto deve atender a algumas normas internacionais, como as estadunidenses ASTM 6400, 6868, 6866, a europeia EN 13432, ou a brasileiraABNT NBr 15448 de biodegradação e compostagem, e comprovar suas propriedades por meio de testes em laboratórios certificados. Em seguida, são apresentadas as etapas da certificação biodegradável (compostável) para um plástico e suas respectivas normas:
1. Caracterização química do material: esta etapa inclui análise de metais pesados e sólidos voláteis na composição do material.
2. Biodegradação: é aferida por meio da relação entre a quantidade de CO2 emitida pelo plástico compostável com a quantidade emitida por uma amostra padrão, durante sua biodegradação, após um período de tempo (ASTM D5338).
3. Desintegração: o material deve, fisicamente, desintegrar-se (mais de 90%) em pedaços menores que 2 mm em 90 dias (ISO 16929 e ISO 20200).
4. Ecotoxidade: verifica-se se nenhum material tóxico, que atrapalharia o desenvolvimento de plantas, pode ser gerado durante o processo.
Atualmente, um material que vem sendo substituído por uma variante biodegradável é o plástico derivado do petróleo. A principal justificativa para isso é a alta resistência que esse material apresenta à degradação, sendo que alguns tipos de plástico levam mais de 100 anos para serem degradados. Desse modo, o acúmulo de material em depósitos de lixo e ambientes naturais é cada vez maior. Os plásticos biodegradáveis são classificados, de uma maneira simples, em naturais ou sintéticos
Plásticos biodegradáveis naturais
Os polímeros biodegradáveis naturais, também chamados de biopolímeros, são todos aqueles produzidos a partir de recursos naturais e renováveis. Compreendem os polissacarídeos produzidos pelas plantas (amido de milho, mandioca, entre outros), poliésteres produzidos por microrganismos (principalmente por diversos tipos de bactérias), borrachas naturais, entre outros.
Plásticos biodegradáveis sintéticos
Neste grupo estão alguns tipos de polímeros sintéticos que são degradados naturalmente, ou pela adição de substâncias que podem acelerar sua degradação. Entre estes plásticos destacam-se os oxi-biodegradáveis e os poli (ε-caprolactona) (PCL). Os plásticos oxi-biodegradáveis são plásticos sintéticos em que foram incorporados aditivos químicos pró-oxidantes em sua composição, capazes de iniciar ou acelerar o processo de degradação oxidativa, gerando produtos que são biodegradáveis. O PCL é um poliéster termoplástico biodegradável e biocompatível com aplicações médicas.
Detergentes
Entretanto, os plásticos não são os primeiros produtos a sofrerem alterações ou substituição devido ao seu impacto ambiental. Os detergentes, até 1965, utilizavam como matéria-prima alquilado ramificado (tensoativo - por definição, o tensoativo é uma substância sintética usada na fabricação de produtos de limpeza e cosméticos e que provoca a junção de substâncias que, em seu estado natural, não seriam misturadas, como é o caso da água e do óleo), cuja pouca biodegradação gerava um fenômeno de produção de espuma nos cursos de água e nas estações de tratamento. Dessa forma, os alquilados ramificados foram substituídos pelos alquilados lineares, classificados como biodegradáveis - em seguida, foram criadas leis que proibiram a utilização de alquilados ramificados. No Brasil, o Ministério da Saúde proibiu, a partir de janeiro de 1981 ( Art. 68 do decreto n°79.094, revogado pelo Decreto n°8.077, de 2013), a fabricação, comercialização ou importação de saneantes de qualquer natureza (detergentes) contendo tensoativo aniônico não biodegradável.
A biodegradação de agentes tensoativos lineares pode ser divida em primaria e total (ou mineralização).
é aquela que ocorre quando a molécula foi oxidada ou alterada pela ação de uma bactéria, de maneira que tenha perdido as suas características de tensoativo ou que não mais responda a procedimentos analíticos específicos para a detecção do tensoativo original. Este processo se faz rapidamente na maioria dos casos, diversas bactérias especializadas são capazes de metabolizar tensoativos. Inicialmente, a biodegradação primária foi aceita como suficiente, contudo, os resíduos orgânicos são considerados estranhos ao meio ambiente.
Biodegradação total ou mineralização
A biodegradação total, ou mineralização, é aquela definida como sendo a conversão completa da molécula do tensoativo em CO2, H2O, sais inorgânicos e produtos associados com o processo metabólico normal da bactéria.
Biodegradação é a salvação?
Atualmente, com o aumento da demanda por produtos biodegradáveis, surgem novas alternativas de produtos no mercado. As empresas estão aumentando suas pesquisas para o desenvolvimento de produtos convencionais, como fraldas, canetas, utensílios de cozinha, roupas, entre outros, em suas versões biodegradáveis.
Apesar das vantagens propostas pelos matérias biodegradáveis, alguns pesquisadores consideram que essa não é a melhor alternativa para alguns tipos de resíduos. Segundo o professor doutor José Carlos Pinto, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), os ecologistas se equivocam quando tratam o material plástico como lixo. Para o pesquisador, o resíduo deve ser tratado como matéria-prima. Todo material plástico é, potencialmente, reciclável e reutilizável. Para José Carlos, as Secretarias Estaduais de Meio Ambiente deveriam lutar, portanto, pela popularização da educação ambiental e pela implementação de políticas públicas de coleta seletiva e reciclagem de lixo; além disso, o governo federal deveria implementar políticas que obrigassem as grandes produtoras de plásticos a investir na reciclagem e reutilização de seus produtos.
É importante que se perceba que, se o material plástico se degradasse, como os alimentos e dejetos orgânicos, o material resultante da degradação (por exemplo, metano e gás carbônico) iria parar na atmosfera e nos mananciais aquíferos, contribuindo sobremaneira com o aquecimento global e com a degradação da qualidade das águas e dos solos.
A característica de biodegradação de um material pode ser muito vantajoso para o meio ambiente, porém essa não é a única solução para a diminuição da geração de resíduos. É necessário que sejam estudados todos os efeitos que a degradação de um determinado material pode causar ao meio ambiente, e, além disso, ponderar qual é o destino mais eficaz para determinado produto.
Apesar das vantagens propostas pelos matérias biodegradáveis, alguns pesquisadores consideram que essa não é a melhor alternativa para alguns tipos de resíduos. Segundo o professor doutor José Carlos Pinto, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), os ecologistas se equivocam quando tratam o material plástico como lixo. Para o pesquisador, o resíduo deve ser tratado como matéria-prima. Todo material plástico é, potencialmente, reciclável e reutilizável. Para José Carlos, as Secretarias Estaduais de Meio Ambiente deveriam lutar, portanto, pela popularização da educação ambiental e pela implementação de políticas públicas de coleta seletiva e reciclagem de lixo; além disso, o governo federal deveria implementar políticas que obrigassem as grandes produtoras de plásticos a investir na reciclagem e reutilização de seus produtos.
É importante que se perceba que, se o material plástico se degradasse, como os alimentos e dejetos orgânicos, o material resultante da degradação (por exemplo, metano e gás carbônico) iria parar na atmosfera e nos mananciais aquíferos, contribuindo sobremaneira com o aquecimento global e com a degradação da qualidade das águas e dos solos.
A característica de biodegradação de um material pode ser muito vantajoso para o meio ambiente, porém essa não é a única solução para a diminuição da geração de resíduos. É necessário que sejam estudados todos os efeitos que a degradação de um determinado material pode causar ao meio ambiente, e, além disso, ponderar qual é o destino mais eficaz para determinado produto.
Disponível em: <http://www.ecycle.com.br/component/content/article/67-dia-a-dia/4072-produtos-biodegradaveis-o-que-e-um-produto-biodegradavel-oxi-biodegradavel-plastico-detergente-ecologicamente-correto-impactos-geracao-metano-residuos-co2-biomassa-agua-escala-tempo-material-ambiente-condicoes-decomposicao-quimica-desintegracao.html>Acesso em 12 de outubro de 2016.
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